Infecção do trato urinário em meninas de primeira infância do Sul do Brasil e fatores associados

O desenvolvimento e recorrência da infecção do trato urinário (ITU) em crianças está associado a diversos fatores. Esse estudo teve como objetivo avaliar a presença de ITU em pacientes pediátricos (0 a 12 anos) atendidos em um laboratório de Campo Mourão - Paraná, através de um estudo observacional retrospectivo de corte transversal durante 12 meses (março/2023 a março/2024). Da amostra de 1.058 crianças, 771 (72,8%) apresentaram ao menos uma alteração no exame de urina tipo I, a maioria meninas (444; 57,6%). Do total de crianças que fizeram urocultura, 122 (19,2%) apresentaram resultado positivo, sendo 75 (61,4%) meninas. As bactérias mais prevalentes foram Escherichia coli (59; 48,4%), Klebsiella pneumoniae (19; 15,6%), Enterococcus faecalis (11; 9,0%) e Proteus mirabilis (10; 8,2%). Destas crianças, 14 (11,4%) apresentaram recidiva da ITU, a maioria meninas (8; 57,1%). A análise estatística demonstrou que as meninas possuem 1,7 vezes mais chances de apresentarem alteração no exame de urina tipo 1 e 1,4 na urocultura. Com relação à idade, as crianças de 0 a 2 anos apresentam 3,7 mais chances de apresentarem ITU em relação às demais faixas etárias. Conclui-se que a maior prevalência de ITU foi em meninas independentemente da idade, pelo fator anatômico e má higiene. As crianças de primeira infância representam o grupo mais suscetível a contrair tal infecção e as bactérias mais prevalentes são originárias do trato gastrointestinal, sendo Escherichia coli o principal agente etiológico.